Como a Inteligência Artificial se aplica à cibersegurança?
Mário conta que, recentemente, houve uma intensificação no uso das tecnologias de Inteligência Artificial para o desenvolvimento de ciberataques. Mas ele também ressalta os investimentos que as empresas têm feito para usar a IA como barreira de proteção.
“No ambiente corporativo, a gente percebe um aumento dos investimentos em cibersegurança por conta da Inteligência Artificial. Então, a empresa tem um projeto, ou quer melhorar o processo ou o desempenho da companhia, e vem a ideia de primeiro investir em segurança para ‘arrumar a casa’”, explica o especialista.
Assim, a cibersegurança se tornou um propósito, inclusive, para utilizar as soluções IA para intensificar a proteção. O mais interessante é que as tecnologias de Inteligência Artificial podem ser utilizadas desde o planejamento de um sistema de proteção até o monitoramento e a gestão desse sistema. Inclusive, respondendo às ameaças.
Ou seja, ao longo de toda essa cadeia de segurança que se pretende criar, é possível aplicar a Inteligência Artificial de alguma forma. Confira nos tópicos a seguir de que maneira utilizamos essa tecnologia nas soluções de cibersegurança.
Análise de vulnerabilidades
A Inteligência Artificial se baseia em dados e informações e faz a análise desses materiais à sua disposição. Quando direcionada para a cibersegurança, ela consegue compreender os tipos de ataque que podem acontecer e a maneira como eles acontecem.
Sendo assim, utilizamos essa tecnologia para fazer a análise das vulnerabilidades de uma empresa. A Inteligência Artificial identifica dentro da estrutura da organização aquilo que pode sofrer algum tipo de ataque ou barreiras ainda falhas que favorecem a ação dos cibercriminosos.
Enfim, ela identifica tudo o que poderia contribuir para uma ameaça se concretizar. Então, oferece um panorama para compreender o que precisa ser melhorado e quais soluções de cibersegurança devem ser utilizadas conforme o tipo de vulnerabilidade registrado.
Vale ressaltar que essa análise não é feita apenas uma vez, tendo em vista que os crimes cibernéticos evoluem. Portanto, as soluções de cibersegurança precisam acompanhar essa evolução para continuarem eficientes na hora de oferecer proteção.
A Inteligência Artificial é alimentada constantemente com informações a esse respeito. Assim, a partir do momento em que ela está ciente de novas ameaças, realiza outras análises para identificar vulnerabilidades que agora surgiram, em função dos registros de crimes diferentes que vêm acontecendo.
Identificação de padrões de risco
Analisando a linguagem corporal, as expressões e os olhares de uma pessoa, conseguimos identificar as possíveis intenções dela. Isso porque existem certos padrões que ajudam a compreender os comportamentos que podem vir a seguir.
A dinâmica é a mesma com a Inteligência Artificial. Essa tecnologia pode ser aplicada nas soluções de cibersegurança para identificar os padrões de risco. O processo ocorre por meio da análise preditiva e ainda pode fazer parte das análises de vulnerabilidade.
Nesse caso, a Inteligência Artificial se baseia nos eventos que, por padrão, indicam uma possível ameaça a caminho. Também percebe quando algum acontecimento foge à rotina a que o sistema já está habituado.
Para ficar mais fácil entender, imagine a rotina do departamento financeiro de uma empresa. As redes que costumam ser utilizadas, os dispositivos que estão conectados, as ferramentas que são acessadas, os documentos abertos, a maneira como os processos fluem, e assim por diante.
Quando utilizamos a Inteligência Artificial para fazer a proteção, ela está ciente de tudo isso, ou seja, entende como funciona o dia a dia desse departamento financeiro. Logo, quando algo sai desse padrão, ela percebe que existe um risco em potencial.
Ao mesmo tempo, a IA identifica quando existe uma ameaça rondando. Mais ou menos o que acontece com os policiais ou os vigias ao notarem uma pessoa com um comportamento suspeito em função de como se movimenta, das áreas que está acessando, do modo como se veste e observa, entre outros detalhes.
A Inteligência Artificial percebe padrões de sondagem, vamos dizer assim, de um possível ataque cibernético e já identifica aquilo como sendo um risco. Tudo isso porque ela tem informações prévias de como esses ataques tendem a acontecer.
Identificação de ameaças reais
Nem sempre quem está à espreita fica apenas observando. Existem também as tentativas de invasão e outras ações ameaçadoras, inclusive no meio digital. Assim, aquilo que era apenas um risco ou um padrão suspeito acaba se tornando uma ameaça real.
A Inteligência Artificial consegue identificar quando algo ultrapassou as barreiras de proteção criadas. Mas não precisa nem mesmo ser uma ameaça muito agressiva ou bem evidente. Isso porque a tecnologia inteligente percebe os sinais mais sutis de que algo errado está acontecendo.
Portanto, mesmo que se trate de um ataque silencioso, que funciona de uma forma discreta, quando as soluções de cibersegurança estão bem atualizadas e alinhadas, é possível reconhecer a ameaça real para que uma atitude seja tomada e o ataque não se concretize.
Nesse momento, contamos com mais uma aplicação da Inteligência Artificial, que são as respostas automatizadas.
Respostas automatizadas
Um dos maiores problemas quando se trata de cibersegurança é perceber que o ataque está acontecendo para que ele seja barrado. Dependendo do sistema de proteção adotado por uma empresa, fica bem difícil ter um tempo de resposta satisfatório. Então, o cibercriminoso fica praticamente livre para agir.
Quando existe a dependência de uma intervenção humana para barrar essas ameaças, a situação se torna muito complicada. É por isso que a Inteligência Artificial é precisa na hora de compor essas soluções de cibersegurança.
Como você viu no outro tópico, ela identifica um risco em potencial por meio de padrões suspeitos. Percebe quando há uma ameaça real e, para complementar tudo isso, pode ficar responsável por uma resposta automatizada.
Segundo Mário, é uma resposta que acontece em tempo de máquina, como se costuma dizer. Existem ferramentas que possibilitam essa ação imediata.
Ou seja, a partir do momento em que um possível ataque está acontecendo, a Inteligência Artificial intervém adotando as medidas necessárias para impedi-lo. O sistema ativa as barreiras de proteção para que o ataque não se concretize, ou para haver as correções de acordo com o ocorrido.
A grande vantagem da Inteligência Artificial é que podemos dar a ela a autonomia para agir da maneira como julgar mais conveniente e adequado. Considere que essa tecnologia analisa uma grande quantidade de dados e consegue fazer análises preditivas com uma velocidade muito rápida.
Assim, ela pode definir a resposta ideal em cada momento com base em fatos passados, naquilo que ela sabe que funciona e no que vai promover uma proteção muito mais ampla, conforme as possibilidades de resultados que já foram analisados.
Tudo isso acontece sem que seja necessário dar um comando. A Inteligência Artificial é programada para agir por conta própria. Portanto, o tempo de resposta é muito rápido. O sistema atua com bastante agilidade, o que reduz consideravelmente as possíveis consequências daquela ameaça.
Criação de barreiras de segurança
Como existem diferentes tipos de Inteligência Artificial, há muitas funcionalidades também no que diz respeito à criação de barreiras de segurança. Ou seja, podemos trabalhar essa tecnologia para criar nossas trancas, que vão impedir os ataques.
A Inteligência Artificial tem sido muito utilizada na biometria, por exemplo, como para fazer a autenticação de usuários. A IA verifica a identidade deles por meio da análise da face ou da voz. Dessa forma, fica mais difícil invadir os sistemas.
Essa tecnologia pode ser utilizada tanto para o acesso a áreas físicas restritas quanto para a utilização de determinados dispositivos, a abertura de alguns programas ou sistemas e a consulta a documentos e informações sigilosas.
A criptografia também é potencializada com o uso da Inteligência Artificial. Esse é um recurso que contribui bastante para evitar o vazamento de dados e informações. Agora, está chegando a um novo nível com o advento da computação quântica, que ajuda a otimizar os sistemas criptografados.
Em função dessa tecnologia, temos também a Inteligência Artificial quântica. A capacidade de processamento é muito maior e permite a resolução de problemas complexos, que precisariam de muitos e muitos anos para serem solucionados.
Para soluções de cibersegurança, a IA quântica associada ao machine learning é mais eficiente na identificação de anomalias e riscos em potencial, auxiliando na proteção de dados críticos e pessoais. Assim, a computação quântica vem acelerando os processos do machine learning, favorecendo ainda mais o desenvolvimento dos sistemas de IA. Com isso, amplia as possibilidades de uso na cibersegurança.
Gerenciamento de sistemas de cibersegurança
A capacidade preditiva e analítica da Inteligência Artificial a transforma em uma aliada na hora de gerenciar o sistema de cibersegurança. Isso porque a ferramenta de proteção funciona de forma constante e acumula dados e informações para o gestor.
Desse modo, é possível obter relatórios completos e detalhados para entender tudo o que acontece na cadeia de processos da empresa. Nada passa despercebida, então fica muito mais fácil identificar as falhas para que sejam corrigidas e novas soluções de cibersegurança implementadas para ampliar a eficácia da proteção.
Mário destaca, por exemplo, que existem ferramentas de Inteligência Artificial que funcionam de uma forma parecida com o ChatGPT, mas gerando relatórios personalizados sobre o sistema de segurança da empresa.
Segundo ele, você pode perguntar para a ferramenta se houve algum tipo de ameaça ou tentativa de ciberataque, como aconteceu, quem foram as pessoas impactadas, e assim por diante. A própria ferramenta ainda ajuda a manter a comunicação com os usuários do sistema para fazer a gestão de pessoas e ampliar a capacidade de proteção delas mesmas.
Monitoramento e controle de atividade
As soluções de cibersegurança que utilizam Inteligência Artificial também podem ser implementadas para fazer o monitoramento de toda a estrutura de proteção da empresa. Elas acompanham as atividades que acontecem, como dito, com o intuito de identificar as possíveis ameaças, mas também para o próprio aprendizado do sistema de proteção.
“Também conseguimos, em tempo de máquina, analisar milhões de e-mails que chegam, mas essa capacidade não é só a nível de dados. Analisamos usuários e equipamentos para saber o que está acontecendo e responder de forma adequada”, ressalta o especialista em cibersegurança da SoftwareOne.
O sistema é autoalimentado com as informações das rotinas e das atividades que acontecem. Com isso, sua capacidade de identificação de padrões e anomalias se potencializa cada dia mais. Também consegue identificar possíveis falhas nessa barreira de proteção.
Nesse monitoramento, o sistema de Inteligência Artificial, conforme explicamos, pode ser programado para corrigir os problemas. Além disso, emite alertas para que os gestores estejam cientes daquilo que está ocorrendo.
É possível que ele ainda auxilie a reforçar essas barreiras, como por meio do envio de lembretes sobre a necessidade de atualização de dados cadastrais ou de trocas de senha. No final, também conforme citamos, o sistema ainda faz análises sobre a eficiência das camadas de proteção e emite relatórios para que o acompanhamento seja contínuo.